(autobiografia - parte 4.386 de 14.600)
Tenho quatorze cicatrizes espalhadas pelo corpo, a maioria delas esta nas pernas, próximas aos joelhos. Uma grande, solitária, parecendo queimadura, está no braço, alojada no tríceps. Mas apesar de grande, esta não é maior do que aquela lá no tendão de Aquiles. Quase perco o pé! Começou com mordida de cobra verde, sem veneno, mas inchou tanto e acabou virando uma bolota, parecia um terceiro e bizarro osso de tornozelo, logo acima do calcanhar. A mãe tentou cuidar, fez compressa de azeite quente com folha nova de mamoneira, mas qual? Moleque não para quieto e foi assim, fazendo farra, correndo pelo algodoal, que a proteção caiu e o agrotóxico que deveria exterminar lagartas entrou pelos buracos da mordedura. Um estrago! Três meses de: Amputa, esquece! Amputa, nem pensar! A saída é amputar! Filho da puta nenhum vai tirar o pé do meu filho! E o pai que não gostava de ver a mãe falando palavrão, me trouxe na cacunda até o trem da FEPASA – Santa Fé do Sul-São Paulo. O pé ficou por três meses sendo curado na Santa Casa de Misericórdia da capital. Mãe chorou de felicidade, logo ela que tinha se desidratado nesse ínterim por conta da filha, a caçula, perdida para a meningite. Ter voltado inteiro foi das maiores alegrias que dei a ela. Contentamento pouco, logo eu estava fazendo novas artes, cortando as pernas e formando novas cicatrizes, ao todo, quatorze sobressaltos visíveis. Cada um deles pode ter afligido o coração da mãe por dobrado. Vai que esqueci algum corte, que agora anda bem fechado, pode contar sem medo de erro uns trinta sobressaltos no coração materno!
Tenho quatorze cicatrizes espalhadas pelo corpo, a maioria delas esta nas pernas, próximas aos joelhos. Uma grande, solitária, parecendo queimadura, está no braço, alojada no tríceps. Mas apesar de grande, esta não é maior do que aquela lá no tendão de Aquiles. Quase perco o pé! Começou com mordida de cobra verde, sem veneno, mas inchou tanto e acabou virando uma bolota, parecia um terceiro e bizarro osso de tornozelo, logo acima do calcanhar. A mãe tentou cuidar, fez compressa de azeite quente com folha nova de mamoneira, mas qual? Moleque não para quieto e foi assim, fazendo farra, correndo pelo algodoal, que a proteção caiu e o agrotóxico que deveria exterminar lagartas entrou pelos buracos da mordedura. Um estrago! Três meses de: Amputa, esquece! Amputa, nem pensar! A saída é amputar! Filho da puta nenhum vai tirar o pé do meu filho! E o pai que não gostava de ver a mãe falando palavrão, me trouxe na cacunda até o trem da FEPASA – Santa Fé do Sul-São Paulo. O pé ficou por três meses sendo curado na Santa Casa de Misericórdia da capital. Mãe chorou de felicidade, logo ela que tinha se desidratado nesse ínterim por conta da filha, a caçula, perdida para a meningite. Ter voltado inteiro foi das maiores alegrias que dei a ela. Contentamento pouco, logo eu estava fazendo novas artes, cortando as pernas e formando novas cicatrizes, ao todo, quatorze sobressaltos visíveis. Cada um deles pode ter afligido o coração da mãe por dobrado. Vai que esqueci algum corte, que agora anda bem fechado, pode contar sem medo de erro uns trinta sobressaltos no coração materno!
Nenhum comentário:
Postar um comentário